SHEMA ISRAEL

Sinagoga Morumbi

Yeshiva Boys Choir -- Kol Hamispalel

sábado, 23 de março de 2013

Posso Rezar Pelo Fim da Minha Gravidez?


Pergunta:

Engravidei há algumas semanas. Já tenho vários filhos pequenos, e não posso cuidar de outro bebê… Posso rezar para D'us acabar com a gravidez?

Resposta:

Entendo muito bem a sua dificuldade. Graças a D'us, sou mãe de quatro filhos, e sei o que é preciso para criá-los. Não é fácil. Mesmo assim, trazer um filho judeu ao mundo é um grande mérito, e infelizmente, nem todas têm essa chance!
Fica claro pela sua pergunta que você se encontra num redemoinho incessante de cuidados com as crianças, dia e noite, E, claro, a gravidez também traz suas dificuldades, e a enfraquece física e emocionalmente.
Gostaria de sugerir que você descanse por um momento, respire profundamente, esqueça todo o caos, e imagine você mesma e sua família daqui a vinte anos. Imagine-se um pouco mais velha, cercada por uma família cálida e amorosa, filhos e filhas, genros e noras, netos e netas. Tente sentir aquelas emoções.
Fez isso? Sentiu isso? Sentiu a empolgação? Agora, tente remover do quadro alguns dos membros da família que estão perto de você.
Consegue fazer isto? Creio que você não pode – é praticamente impossível. Não é possível em seus sonhos, e também não é possível na realidade!
Portanto, apesar das dificuldades, aconselho que você pense a longo prazo, e não abra mão dessa alma que você está trazendo a este mundo. Aqui vão algumas sugestões:
1 – Tente conseguir o máximo de ajuda possível: talvez você possa contratar uma babá ou uma empregada, ou conseguir ajuda com sua irmã ou sua mãe. Isso melhorará muito a situação.
2 – Dedique pelo menos meia hora por dia para mimar a si mesma. Durante essa meia-hora, faça algo que aprecie: leia um bom livro, dê um passeio ao ar livre, encontre-se com uma amiga para tomar um café, aprecie um bom sorvete, ou qualquer outra coisa que recarregue sua energia vital.
3 – Você não mencionou seu marido… Não se esqueça de manter seu relacionamento íntimo. É muito importante para vocês dois, bem como para seus filhos. Isso melhorará seu estado de espírito e comportamento no dia-a-dia, bem como o de seu marido.
4 – Além disso, estou certa de que você sabe que o início da gravidez é a fase emocional mais difícil. Com o passar do tempo, tudo que você está sentindo agora vai diminuir, e você verá a situação de maneira diferente. Não faça nada irreversível, pois se arrependerá mais tarde.
Nesses últimos anos conheci muitas mulheres que se arrependem profundamente por terem apenas um ou dois filhos. Elas me dizem que se pudessem voltar no tempo, trariam mais filhos a este mundo; agora elas entendem que não há nada mais importante que isso – nem uma carreira, nem o dinheiro. Mas, infelizmente, esse entendimento chegou tarde demais.
Peço com todo o meu coração que o Criador lhe dê muita força para cuidar de seus filhos, sua gravidez e tudo o mais, e que você tenha uma criança sadia.
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Por Mindi Schmerling
Mindi Schmerling é uma representativa Chabad em Tel Aviv, Israel, e diretora da Association for the Advancement of Jewish Heritage em Tel Aviv. Mindi também responde perguntas para o serviço “Pergunte ao Rabino” do he.chabad.org.

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Os Dez Mandamentos do Casamento



Quando Eliezer estava procurando uma esposa para Yitschac, antes mesmo de perguntar à Rivca seu nome, ele lhe ofereceu dois presentes: dois braceletes de ouro pesando dez shekels.
Estes aludem às duas Tábuas (luchot) que continham os Dez Mandamentos (asseret hadibrot).
Ora, por que ele deu estes presentes a ela, para começar? Afinal, ele tinha recebido informações sobre sinais pelos quais deveria procurar. Os sinais estavam lá (ela deu de beber também aos seus camelos). Então ele viu que ela era bondosa; viu que era bonita; viu que era forte e sadia. Porém isso tudo não lhe disse o suficiente. O que lhe deu a informação que estava procurando? O que era mais importante? O fato de ter-lhe oferecido as joias e ela aceitar. Por quê?
Porque, ao oferecer aquele presente, ele estava conferindo o pré-requisito mais importante numa esposa para Yitschac: você aceita viver pelas Leis da Torá? Se ela não aceitasse os dois braceletes de ouro pesando dez shekels (que simbolizam as duas luchot contendo os Dez Mandamentos, que simbolizam toda a Torá), não haveria razão em pedir-lhe para desposar Yitschac.
A joia era, num certo sentido, o contrato de casamento, e cada um dos Dez Mandamentos era uma condição nele.
"Toda história contada sobre nossos ancestrais é um sinal para os filhos [uma lição sobre como se comportar]."
Os Dez Mandamentos dados aos judeus no Monte Sinai se tornaram a ketubá, o contrato de casamento, entre Hashem (o Noivo) e o povo judeu (a noiva). Assim como Rivca concordou em aceitar a Torá como um pré-requisito para o casamento, também devemos aceitar e manter a Torá em prol do nosso casamento com Hashem.
Vejamos aquilo que os Dez Mandamentos podem nos ensinar em nosso próprio casamento individual hoje em dia…

Os Dez Mandamentos

“Eu sou o Eterno teu D'us que te tirou do Egito, da casa da escravidão. Não terás outros deuses.”
Em meu trabalho ensinando Taharat Hamishpachá e aconselhando casais, tenho conhecido muita gente que ainda não tem certeza se está casado com a pessoa certa. Podem estar casados há décadas, mas mesmo assim não estão… 100% certos. Alguns tiveram certeza a uma certa altura, mas insinuou-se uma dúvida. "Eu teria sido apressado ou imaturo quando tomei a decisão? Ele é a pessoa certa? Eu seria mais feliz com outra pessoa? Nós não crescemos em direções diferentes, nos tornamos pessoas diferentes, nos anos que se passaram desde o nosso casamento?"
Bem, SIM, você era imatura quando se casou, mas isso é uma coisa boa: vocês se conheceram quando mais jovens, ainda flexíveis, e cresceram juntos. Ele é a pessoa certa, sim, como ficou provado pelo fato de você agora estar casada com ele. Vocês DOIS cresceram e mudaram desde o casamento, mas se ficaram mutuamente envolvidos nas mudanças e no crescimento, estes apenas servem para torná-los mais interessantes um ao outro.
Concentrar-se na incerteza e dar-lhe crédito pode destruir um casamento. As garotas às vezes me dizem que após Guimel Tamuz é muito mais difícil ter certeza de que estão casadas com o sujeito certo. Mas isso é olhar para trás. Você não se sentia assim quando se casou. Agora que está casada, não se concentre em quão mais certa estaria (teoricamente) se o Rebe lhe tivesse dito diretamente para casar-se com essa pessoa. Você ainda tem a bênção do Rebe, ainda tem a Divina Providência, e se tem ouvido o pedido do Rebe, também tem seu mentor espiritual para guiá-la.
Não se engane: a dúvida pode matar qualquer bom casamento; detesto pensar naquilo que ela pode fazer a alguém que esteja balançando. Tenho tido algumas experiências com mulheres que se tornaram esposas satisfeitas quando estabelecemos que É ISSO AÍ, o homem com quem você se casou é aquele com quem você deveria estar, trabalhar, viver junto, criar filhos, pagar as contas, descobrir as coisas, envelhecer... Com esse homem e somente com esse homem.
A base para cumprir a mitsvá é acreditar em Hashem Echad (único). Anochi significa "Eu" em egípcio. Ora, por que Hashem começaria a Torá, o primeiro dos Dez Mandamentos, numa língua estrangeira e não na língua sagrada?
Na época, o povo judeu tinha acabado de sair do Egito. Embora usássemos o hebraico, o idioma egípcio também nos era familiar. Hashem nosso Noivo, estava procurando uma linguagem em comum, algum ponto em comum com o qual dar início ao relacionamento. Isso encerra uma lição para todos nós.
A certa altura da vida, uma mulher poderia pensar consigo mesma: "Oh, ele é tão diferente de mim." Mesmo assim, com esforço e dedicação, algo em comum pode ser encontrado. Mesmo que você tenha de "falar uma língua estrangeira" durante algum tempo, faça-o.
O uso da palavra "Anochi", Eu (e não a palavra D'us, ou outra designação), nos ensina que Hashem Se coloca, e à Sua essência, dentro da Torá.
A lição para nós: Coloque sua alma em seu casamento.
Conheço uma mulher que dá festas lindas. Antes de cada uma, ela vai a três lojas diferentes para encontrar acessórios que combinem entre si para decorar as mesas. Ela não envia um mensageiro ou faz o pedido por telefone, vai ela própria. Porque ela se importa. A festa é importante para ela, e dá o melhor de si. Suas receitas são interessantes, criativas e deliciosas, e ela faz tudo desde o início.
Ela me disse (enquanto reclamava amargamente sobre o marido) que chega em casa tarde da noite após ir a quatro lojas para escolher toalhas de mesa e deixar o marido esperando. Não havia jantar para ele, nem mesmo um bilhete dizendo onde ela estava e quando voltaria para casa. E ele ficou furioso! Ele teve o desplante de ficar furioso! Quando ela estava tão ocupada!
Ela não via que estava colocando todas as suas forças nas festas, e deixando de lado seu casamento, seu marido, a si própria.
Se pelo menos ela colocasse metade da energia, carinho e emprenho que colocava nas festas em seu casamento! Devemos ser cuidadosas e honestas, e fazer um exame de consciência. Para onde vão nossas principais energias? Naquilo que investimos, é de onde teremos retorno.

Que Te Tirou do Egito

Por que Hashem continua nos lembrando de onde viemos? É agradável ouvir que já fomos escravos? Não podemos simplesmente esquecer o passado e "seguir em frente"?
Todos viemos de algum lugar. Por mais que gostaríamos de começar como recém-nascidos a partir do dia do casamento, sem bagagem… o fato é que todos chegamos ao casamento carregando nosso passado, nossa infância, hábitos, expectativas, diferenças, e talvez até, D'us nos livre, traumas. Se temos alguma coisa em nosso passado com a qual precisamos lidar, devemos fazê-lo e não jogar embaixo do tapete. Porque qualquer coisa que for jogada para baixo do tapete hoje amanhã estará maior, Ou na semana seguinte. Ou daqui a dez anos. Porém mais cedo ou mais tarde, aquilo terá de ser tirado, examinado, e colocado para descansar. Mais cedo é melhor que mais tarde. Você pode machucar-se se tropeçar naqueles calombos sob o tapete, ou então algum membro da sua família.
Até reconhecermos nossa bagagem, existe a tentação de colocar no marido a culpa pelas nossas inseguranças. Mas existe algo dentro de nós com o quê precisamos lidar? Algo vindo lá de trás?
E não somos as únicas a ter um passado. Nosso marido, também, vem de um lar diferente, foi a outra escola, talvez tenha crescido numa cultura diferente. Por mais semelhantes que pensemos ser, ainda somos diferentes.
Às vezes uma mulher se aborrece por algo que seu marido faz ou deixa de fazer porque ela presume quem obviamente, ele deveria saber, por exemplo como celebrar um aniversário. Porém as coisas eram feitas de maneira bem diferente na casa dos pais dele. Cada parceiro deve levar em consideração o passado do outro.

2 – Não tenha outros deuses antes de Mim.

Não olhe para outros homens; não compare seu marido com os maridos de outras mulheres.
Recentemente meu telefone tocou e era uma mulher que eu não conhecia. Ela queria conversar. Estava infeliz, disse ela. (Era casada há muitos anos). Ela percebia agora que seu marido não era tão inteligente, educado, fino, bem criado, sofisticado, como…
Enquanto ela falava, eu sentia que parte das suas sentenças estava faltando. "Ele não é tão bom como…": Como o quê? eu pressionei.
Ela não respondeu. Pressionando mais, perguntei se ela estivera recentemente com algum outro casal. Chocada, ela respondeu: "Oh, você nos viu no restaurante?" (A verdade é que eu nem sequer sabia com quem estava falando.) Assegurei a ela que não os tinha visto, mas expliquei que estava claro que ela comparava seu marido com um outro homem, e pedi-lhe que me contasse o que tinha acontecido.
Ela pensativamente descreveu como, na noite anterior no restaurante, o marido de sua amiga tinha puxado a cadeira para a esposa, tomado seu casaco e respeitosamente o pendurado para ela. Seu próprio marido nunca prestara atenção à sua cadeira ou ao seu casaco. O marido da outra mulher sabia exatamente o que pedir, e sabia até o que sua mulher gostaria de comer. Seu marido tinha ficado ali sentado, esperando ela pedir para ele, após anunciar que detestava comida sofisticada. Então fez uma zombaria sobre as pessoas que comem qualquer outra coisa além de bife e batatas.
O outro homem tinha sido tão sofisticado e gentil, ao passo que seu próprio marido tinha inadvertidamente insultado o garçom. Ora, o outro marido sabia tudo até sobre vinhos!
Ela voltara para casa desapontada com seu marido.
Isso é absurdo, é claro. Saber qual vinho pedir não torna um marido bom! Alguém poderia argumentar que o oposto é verdadeiro. Concentre-se naquilo que há de bom em seu marido, nas coisas que importam. Ao concentrar-se nelas, você as fortalece. Ao agradecer a ele pela paciência que tem quando estuda com as crianças, por exemplo, você fortalece nele esta qualdiade. Reconheça e fortaleça o que há de bom.
A comparação apenas leva a problemas. Este é o seu marido, não há outro.

3 – Não diga o Nome de D'us em vão

Não fale sobre o seu marido de maneira fútil ou desnecessária. As mulheres têm essa tendência a desmerecer seus maridos de maneira brincalhona, zombeteira. Para quê? Há um objetivo? Isso pode fazer algum bem?
Um casal vai junto ao supermercado. Quando estão no balcão do caixa, ela se lembra que esquece-se de pegar alguma coisa. Pede docemente ao dedicado marido que volte à prateleira para pegar o cereal favorito dela. Enquanto ela observa o marido andar para lá e para cá percorrendo os corredores de laticínios, congelados, produtos de limpeza, procurando o cereal que ELA esqueceu, ela volta-se à mulher atrás na fila e diz: "Já viu alguém tão desligado? Está percorrendo o supermercado inteiro procurando o cereal! HOMENS!" Ora, para que dizer aquilo? O que ela conseguiu? Por que é necessário falar do marido com condescendência?
É claro que as mulheres precisam expressar seus sentimentos. Obviamente ajuda saber que os outros passam pela mesma situação, que um determinado comportamento é "tipicamente masculino" e não deve ser levado para o lado pessoa;. Eu encorajo as mulheres a ter um mashpia, mentor espiritual, uma boa amiga, alguém para conversar. Todos precisamos ter alguém que nos ouça, com quem possamos falar de coração para coração. É saudável ter alguém próximo e confiável com quem discutir confidencialmente assuntos que estão nos incomodando. Isso não é conversa desnecessária. É conversa com um objetivo. Porém também é falar com respeito sobre o próprio marido. Isso não é desmerecê-lo publicamente.
Eis aqui uma outra história: marido e mulher, casados há apenas um ano, vieram ver-me. Estavam em choque, disseram. Tinham acabado de ouvir dizer que diversas pessoas da cidade natal da mulher estavam dizendo que eles estavam se divorciando. O problema era que eles foram o últimos a saber. Aquilo não era verdade, de forma alguma. Bem, o mistério logo se tornou claro.
A esposa era muito jovem e agora estava morando em Israel, país do marido. Pouco depois do casamento, ela teve de se acostumar a um outro idioma e a uma cultura diferente, longe de casa e de tudo aquilo que ela conhecia. Ao mesmo tempo, teve de se ajustar à vida de casada. Este nunca é um desafio fácil, e obviamente houve alguns momentos difíceis.
Então um dia, não muito depois de ela ter se casado e mudado para Israel, uma amiga telefonou. Ouvir a voz da amiga trouxe à tona toda a saudade que tinha de casa. Então, a recém-casada permitiu-se o luxo de uma longa e chorosa sessão de confidências à amiga também jovem, ainda solteira, ainda estudante. Ela tinha chorado dizendo como estava solitária, saudosa de casa, e como tudo ali era difícil.
A amiga, jovem e inexperiente, com certeza não era a pessoa certa para se confiar, e sentiu-se muito infeliz ao desligar o telefone. O fardo que lhe fora confiado era pesado demais para ela. Portanto, tentou dividi-lo. Disse à mãe que sua amiga estava infeliz no casamento e desejava apenas voltar para casa. Não demorou muito para que a história do divórcio começasse a se espalhar pela cidade, especialmente porque ninguém nos Estados Unidos jamais vira a moça, que tinha feito os ajustes de forma admirável e estava se saindo muito bem como seu marido em Israel!
B"H este casal ainda está casado, feliz, mas eles aprenderam uma lição. Não se deve falar com os outros sobre assuntos pessoais sem um propósito claro, e devemos escolher cuidadosamente com quem falamos, quando e onde.

4 – Lembra-te do dia de Shabat para guardá-lo

Lembra

Lembrar é algo bom. Criar boas lembranças para si mesma e para sua família. Tempo passado juntos, um sorriso, um bilhete, um desenho, Festas de aniversário e piqueniques de chol hamoed. Tire-os do banco de sua memória quando as coisas ficarem difíceis. Proporcione lembranças aos seus filhos. Todos temos algumas boas lembranças colecionadas na nossa infância, que afloram de tempos em tempos em nossa vida e nos dão força. Crie lembranças novas em sua vida de casados. Permita-se, encoraje-se, a habitar nos tempos bons.
Eu ouvi essa história: Uma mulher estava limpando a casa, e à medida que limpava, ficava cada vez mais aborrecida com o marido. Por quê? O marido tinha uma coleção de tipos diferentes de pedras. E ela tinha de limpar as pedras, e também a estante de vidro onde eles as mantinha. Ela se aborrecia com o marido e essa coleção estranha e desinteressante (para ela).
Um dia, enquanto limpava, ela prometeu de uma vez por todas confrontar o marido com a notícia: as pedras tinham de sair dali. Enquanto fumegava, continuando a limpar, ela encontrou sua foto do casamento e viu dois jovens felizes. Parou de fumegar e começou a sorrir. Ficou ali, pano de pó na mão, e lembrou-se dos motivos pelos quais tinha se casado com esse homem e todas as razões pelas quais ainda estava feliz com isso. E logo – ainda de pé ali, olhando para a foto do casamento – ela perguntou a si mesma: "Ora, o que são algumas pedras para limpar?" Tudo porque ela tinha aquela foto do casamento para contemplar. Dê a si mesma boas lembranças para olhar.
Certa vez falei com uma mulher que trabalha com casais que estão passando pelo divórcio, D'us nos livre. Eu queria ajudar casais a se reconciliar antes de partirem para algo tão trágico e definitivo como o divórcio. Ela me disse como sabe se há esperança de um casal se reconciliar ou não. Pergunta a eles em tom de conversa: "Como vocês se conheceram?" Se respondem com um pequeno sorriso, com o vislumbre de alguma emoção positiva nos olhos, ela sabe que ainda há esperança. Se eles dizem que não se lembram ou olham de volta para ela, com uma expressão pétrea no rosto… D'us nos livre.

Guarde (Lit. observe)

O Shabat é o dia em que reforçamos nosso vínculo com Hashem, um dia de passarmos o tempo em buscas espirituais, em oposição ao "outro dia, outro dólar".
Faça tempo para o seu casamento. Tire um dia de folga, uma noite fora, algum tempo sem telefones, campainhas tocando ou outras interrupções. Uma história verdadeira (Eu não conto qualquer outro tipo, embora altere alguns detalhes para proteger a privacidade das pessoas envolvidas): Um rabino muito atarefado estava sempre prometendo à esposa que tiraria algum tempo de folga para ficar sozinho com ela, mas isso nunca dava certo. Ele simplesmente não tinha tempo livre durante o dia, dizia a ela. E ele era realmente ocupado com coisas importantes, ela não tinha dúvidas. Um dia ela disse ao marido que um dos seus maiores patrocinadores telefonara dizendo que estaria chegando à cidade. Ela tinha marcado um encontro para eles no saguão do hotel onde o grande patrocinador estaria hospedado. O marido anotou devidamente, grato, o compromisso em sua agenda. Quando ele foi ao encontro com duas horas livres reservadas para passar com o patrocinador, encontrou a esposa esperando por ele. Ela disse: "Sou eu o seu maior patrocinador, e preciso passar algum tempo com você." (Ouvi esta história em primeira mão.)
Veja quem é realmente seu maior patrocinador e dê a ele/ela o tempo a atenção que merece e precisa. Você também ganha com isso.

Santificá-lo, mantê-lo sagrado

O que torna nosso casamento melhor, mais forte, mais duradouro, que aqueles do mundo secular? É fácil: É o terceiro Parceiro, Hashem. Santidade é a palavra mais importante num casamento judaico. Trate seu casamento como a união sagrada que é.
Não se trata apenas de eu e você e você e eu. Não se trata daquilo que eu quero e daquilo que você quer. Trata-se de mi, de você de de Hashem. O Que Ele deseja? Se ambos nos concentrarmos em agradá-Lo, estaremos agradando também a nós mesmos e um ao outro.
O tema da santidade no casamento é um tópico por si mesmo. Devemos sempre nos lembrar que sob a chupá nós convidamos Hashem à nossa união e assim a tornamos um casamento legal "segundo a Lei de Moshê e Israel". Enquanto respeitarmos e tivermos em mente aquela Santidade, e torná-la parte de nossa vida diária, merecemos que nosso lar seja abençoado por Hashem.

5 – Honra teu pai e tua mãe

Faça-o literalmente. Honra teus pais e teus sogros. Às vezes isso pode ser difícil. É por isso que é um Mandamento. (Os pais não são ordenados a cuidar dos filhos, pois isso vem naturalmente). Às vezes é difícil, mas se você se esforçar e honrar seus pais, ganhará com isso, e também os seus filhos. Uma conexão positiva e respeitosa com os avós é tanto um presente como uma mitsvá.
Há vezes em que nos perguntamos (e outros mais sábios que nós) se existe algo negativo acontecendo em nosso relacionamento com nossos pais ou sogros. Pode ser algo como excesso de envolvimento, A influência básica e o foco após o casamento deve ser com o cônjuge, não com a mãe. Porém de forma geral, conexões sadias e fortes com a geração mais velha são boas para todos na família.
Ao honrar nossos pais, especialmente quando eles atingem uma idade avançada, aprendemos rapidamente a dar aos nossos pais aquilo que eles precisam e aquilo que eles querem, não aquilo que pensamos que desejaríamos se fôssemos eles. Em reconhecimento à idade deles, respeitamos seus caprichos. Honramos seu desejo por um táxi e não por um trem. Sopa de legumes e não canja de galinha. Reserve o vôo para quarta-feira, não na terça.
Assim como respeitamos e honramos os desejos de nossos pais mesmo quando não fazem sentido para nós, também devemos honrar os desejos de nosso cônjuge. Mais de uma vez já recebi telefonemas de homens e mulheres (chamando antes de uma sessão de aconselhamento) pedindo-me para convencer seu cônjuge a ver as coisas dessa maneira. Basicamente, o que eles estão dizendo é: "Faça-a pensar da maneira que eu penso, faça-a sentir o que eu sinto." As pessoas são diferentes. É muito mais inteligente e mais prático despender esforços em respeitar as diferenças, em vez de tentar eliminá-las.

6 – Não matar

Ben Ezra disse que a proibição contra assassinato significa "com tua mão ou com tua língua". O abuso físico e verbal são ambos proibidos.
Quando você fala cruelmente com alguém, mata o seu caráter, destrói sua personalidade. Em vez de florescer, a pessoa encolhe, D'us não o permita. Todos nós já vimos isso acontecer. Um jovem ou uma jovem com muito talento, feliz, extrovertido, simplesmente se fecha após o casamento, como se alguém tivesse matado sua autoconfiança. (Se isso acontecer com alguém que você conhece, suspeite. Talvez esteja ocorrendo abuso físico ou verbal.) Um dos maiores presentes do casamento é a autoconfiança que conseguimos com um cônjuge que tem confiança em nós. A atitude do cônjuge pode construir ou, D'us não o permita, destruir. Viver num ambiente hostil, crítico, mata qualquer pessoa. Viver num ambiente de amor, aceitação e apoio constrói uma pessoa e monta o palco para que ela tenha sucesso em todas as áreas da vida.
Como cônjuge, seja você marido ou mulher, conscientize-se do poder que possui. Faça um esforço para encorajar, fazer elogios sinceros, e expressar apreciação.
Se roubar a autoconfiança de alguém por meio de crueldade verbal é o equivalente a assassinato, então dar confiança a outra pessoa é o equivalente a dar-lhe vida.
Conheci um casal que estava com grandes problemas. Ele era americano e ela israelense. Ele trabalhava nos Estados Unidos e queria estabelecer-se lá. Ela queria viver onde estava acostumada, onde se sentia em casa, e ficar perto da mãe, em Israel. Portanto, ele foi forçado a aceitar um trabalho que ele na verdade não podia fazer (seu hebraico não era muito bom). Ele foi perdendo a confiança dia após dia. Por fim, tornou-se um "nada" em sua própria casa. Ela planejava todas as férias. Ela tomava cada decisão. Os filhos a procuravam para resolver qualquer problema. O casamento, como você bem pode imaginar, estava se deteriorando rapidamente.
Quando eles me procuraram, ela tinha perdido completamente a paciência com ele. Parecia que ele não fazia nada certo. "Você não consegue nem comprar passagens de avião para a família! Eu tenho de fazer tudo para você!" reclamava ela. Eu disse a ela para deixar que ele fizesse as coisas. Ela o fez, mas então reclamou: "Eu poderia ter encontrado passagens mais barato!"
Eu sugeri que eles se mudassem para o país dele, onde ele conhecia o idioma e poderia encontrar um bom emprego. Embora eu soubesse que estava pedindo muito a ela, senti que era a única solução. Assim que se mudaram para os Estados Unidos, as coisas se ajeitaram. Ele começou a ganhar seu sustento, para começar. Eu os visitei uma vez e vi-me numa linda casa, com o pai sentado à cabeceira da mesa como um rei. Os filhos o tratavam com o respeito devido a um pai.
É claro que a mulher ainda queria morar em Israel perto da sua mãe. (Ela não percebia como aquilo tinha sido prejudicial.) Então ele fez algumas concessões: ela ia periodicamente visitar a mãe e eles traziam a mãe para visitá-los.
Não matarás. Não mate a personalidade dele, sua capacidade de ter sucesso. Vá aonde ele possa ser bem-sucedido, como é da natureza de um homem: ter sucesso, orgulhar-se de sua capacidade de sustentar a família, financeira e emocionalmente.
Todo marido e toda mulher deveriam ser a torcida do outro.

7 – Seja fiel

O que significa ser fiel? Significa reconhecer que há coisas no casamento que são privadas. Significa que não revelamos nossos assuntos pessoais ao público, pois isso é traição. Significa que um homem/mulher deveriam sentir que o espaço e tempo privados dentro do casamento é sagrado, e aquilo que acontece ali fica ali. Significa confiança.
História: Um homem estava no trabalho e ouviu seus colegas discutindo um incidente ocorrido entre marido e mulher. Enquanto ele os ouvia rindo da história, de repente sentiu-se enrubescer. Ele reconhecera a história. Tinha acontecido em sua casa. Eles estavam falando sobre ele!
Percebeu que sua mulher devia ter contado aquilo à amiga, que tinha contado ao marido, que estava agora contando ao seu colega esta história extremamente privada. Para ele, era uma falta de fidelidade da parte dela, uma quebra da confiança, e foi quase impossível convencê-lo a voltar para ela.

8 – Não roubar

Dar crédito àquilo que é merecido não custa um centavo a você, mas pode comprar-lhe o mundo.
Um homem que conheço conseguiu formar-se após anos de estudo. Sempre que alguém o cumprimentava, ele dizia. "O crédito na verdade vai para minha esposa. Ela trabalhou muito para nos sustentar enquanto eu estudava. Ela tirava as crianças de casa para eu estudar…"
Um conhecido rabino começa sua prédica toda sexta-feira à noite depois que a refeição é servida anunciando: "Antes de mais nada, eu gostaria de agradecer à minha esposa por nosso lindo Shabat. A casa está maravilhosa, e tudo parece tão delicioso. Não sei como ela consegue fazer isso…" e olha para ela como se ela fosse a oitava maravilha do mundo, Dá a ela o crédito que ela merece. Conheço uma oradora que começa todo discurso agradecendo ao marido.
Afinal, ela está ali de pé, linda e alma, bem preparada, enquanto seu marido está em casa colocando as crianças para dormir. Ela compartilha o crédito com ele.
Às vezes temos de dar crédito literalmente; temos de devolver o cartão de crédito. Temos de viver dentro do nosso orçamento. Muitos problemas de harmonia familiar são causados por mulheres que exigem aquilo que o marido não pode dar. Vejo maridos trabalhando quase 24 horas por dia, tentando satisfazer os desejos quase irreais da esposa, de viver acima de suas posses. Eu diria que o problema número Um nos casamentos atuais é o dinheiro. Nem sempre é falha da mulher, porém. Às vezes o homem é muito mesquinho ou gastador.

9 – Não dar falso testemunho

Este mandamento de ser verdadeiro nos lembra de sermos sinceros no casamento.
Fale! Diga aquilo que a está aborrecendo. Por favor, por favor, diga! Não recebemos profecia sob a chupá. Algumas mulheres equivocadas pensam: "Se meu marido realmente me amasse, saberia o que está me aborrecendo." Isso não é verdade! Se você realmente o amasse, diria a ele, simples e educadamente. O mesmo se aplica aos maridos.
Um esposa contou-me certa vez que seu marido às vezes chega em casa de mau humor. Ela espera, dá-lhe espaço, e quando o mau humor não desaparece em um dia ou dois, ela pergunta gentilmente o que está errado. Ele dá de ombros e não responde. Começa então o jogo de adivinhação: "Eu…" ou "Foi algo que eu fiz…" ou "Aconteceu alguma coisa no trabalho?"
O que devo fazer, perguntou-me ela frustrada. Não posso entrar dentro da cabeça dele. Não posso pensar como ele. Que erro colossal este homem está cometendo!
Se sua mulher pergunta o que está aborrecendo você, por favor, responda sinceramente. Você deve isso a ela. Se seu marido pergunta o que a está incomodando, responda. Você economiza muito sofrimento ao ser franca. Se seu marido não perguntar, você pode dar a informação voluntariamente. Talvez tenha de aprender a dizer educadamente, sem raiva (excesso de emotividade assusta o homem): "Eu gostaria de dizer-lhe o que está me aborrecendo, quando podemos conversar? Ajuda muito quando eu posso dividir minhas preocupações com você."
Não acuse, partilhe. Fique nas sentenças com "Eu". "Eu me sinto pouco à vontade com…" ou "Eu me preocupo que…"
Toda vez que você guarda algo dentro de si e não diz o que a aborrece, acrescenta uma camada de tijolos a um muro que você mesma constrói. A princípio consegue passar sobre o muro sempre que quiser. Depois precisa dar um salto. Tudo bem, você pensa, posso pular sobre este muro baixo sempre que quiser. Logo, precisa de uma escada, mas ainda consegue passar. Porém com o passar dos anos, você acrescenta mais tijolos e logo o muro fica tão alto que não dá mais para passar.
Tragicamente, a comunicação agora está bloqueada por infindáveis problemas, alguns pequenos, outros imensos, mas nunca foram aventados. Vocês agora são estranhos, dois navios passando na noite, D'us não o permita. Não deixe isso acontecer com você.
(Eu deveria acrescentar que com boa ajuda o muro ainda pode ser derrubado em qualquer etapa da vida).
Jamais esquecerei o dia em que um casal me procurou pedindo conselho sobre um assunto particular. Ela começou falando sobre o marido. Contou-me algo simples que ele fazia e que a aborrecia. Ele virou-se para ela e disse: "Você sentiu isso durante anos e nunca me falou?" Compreensivelmente, ele estava chocado, aborrecido e furioso. Sentia que não era justo com ele todos os anos, não ter-lhe dado uma pista do que ela pensava e sentia a respeito daquilo.

10 – Não cobiçar

Não seja invejosa. Ora, quem teria inveja do próprio marido? Muitas mulheres têm.
Têm inveja da liberdade do marido. Os homens podem ir aonde quiserem, ao passo que as mulheres precisam encontrar babás e fazer 100 arranjos antes de sair pela porta. Os homens apenas dizem: "Até logo! Estou indo à sinagoga!" e passam pela porta. Ali eles ficam vinte minutos para estudar e mais dez para bater papo, enquanto nós ficamos presas em casa com o jantar, lição de casa, banhos e hora de dormir. Isso pode levar a inveja e ressentimento.
Todo marido deveria ter em mente o fardo que sua esposa carrega e tentar ajudá-lo o mais que puder. Além disso, ele deveria valorizá-la e entendê-la. Sua apreciação verbal alivia o fardo dela, muito mais do que ele possa imaginar.
Toda esposa deveria ter em mente que se está infeliz e ressentida, deveria sentar-se com o marido, ou talvez com um mentor espiritual, e pensar no que pode fazer para ter alguma satisfação e libertar-se do ressentimento. Talvez ela precise sair e ficar na companhia de outras mulheres. Talvez precise trabalhar horas adicionais. Talvez precise trabalhar menos horas, ou parar de trabalhar por algum tempo, ou ter menos pressão em alguma área. Talvez precise de mais ajuda em casa, ou talvez a ajuda que tenha seja a errada. Talvez seja uma amiga que a está fazendo sentir-se assim. Problemas com a sogra, quem sabe? Com um pouco de reflexão, e alguma discussão calma, ela pode entender o que precisa e consegui-lo sem magoar os filhos, e pode parar de sentir inveja do marido.
Quanto antes cumprirmos os Dez Mandamentos tanto literal quanto figurativamente, mais depressa Mashiach virá, que seja Agora!
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Por Esther Piekarski
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Carvão em Brasa



D’us ordenou ao povo judeu: “Uma chama eterna deverá sempre ser mantida ardendo sobre o altar; jamais deve se extinguir.”
O fogo sobre o altar onde os sacrifícios eram oferecidos deveria sempre continuar a arder. No Templo Sagrado, havia uma câmara especial onde carvões eram mantidos sempre acesos, para que o fogo sobre o altar pudesse ser reaceso caso necessário.
Quando D’us ordenou ao povo judeu para construir o Tabernáculo, Ele disse: “E Eu habitarei dentro deles.” O versículo não deveria dizer “Eu habitarei dentro dele?” Diz “eles” para nos ensinar que todo judeu é como um Templo em miniatura. Todo judeu deve ter sempre um amor ardente por D’us em seu coração, assim como o fogo que arde o tempo todo sobre o altar.
No Talmud, nossos rabinos nos ensinam mais detalhes sobre essa mitsvá: o fogo sobre o altar devia ser mantido aceso mesmo no Shabat e mesmo quando estamos impuros. Da mesma maneira, nós judeus devemos sempre sentir um profundo amor por D’us, não importa se estamos num nível de Shabat ou num nível de impureza.
O que quer dizer “um nível de Shabat”?
No Shabat, desejamos uns aos outros Shabat Shalom. A palavra hebraica shalom vem do radical da palavra inteiro e completo (shaleim). Sentimo-nos completos no Shabat. Relaxamos e não nos preocupamos com o trabalho da semana, agindo como se estivéssemos completos.
No Shabat também nos é dada uma alma extra que nos ajuda a rezar melhor, aprender melhor e entender melhor a santidade de D’us. Porém, um judeu no nível de Shabat deveria apenas prestar atenção ao seu estudo e entendimento, e deveria ignorar seus sentimentos. Portanto, D’us o lembra da “chama eterna… até no Shabat.” O amor ardente por D’us em nosso coração jamais deve relaxar.
Então nossos Sábios acrescentam: “mesmo quando impuro”. Mesmo que um judeu esteja impuro, ele deve cavar profundamente dentro de seu coração e fazer aflorar o amor a D’us que está sempre ali.
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Por Malka Touger
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D’us ordenou ao povo judeu: “Uma chama eterna deverá sempre ser mantida ardendo sobre o altar; jamais deve se extinguir.”
O fogo sobre o altar onde os sacrifícios eram oferecidos deveria sempre continuar a arder. No Templo Sagrado, havia uma câmara especial onde carvões eram mantidos sempre acesos, para que o fogo sobre o altar pudesse ser reaceso caso necessário.
Quando D’us ordenou ao povo judeu para construir o Tabernáculo, Ele disse: “E Eu habitarei dentro deles.” O versículo não deveria dizer “Eu habitarei dentro dele?” Diz “eles” para nos ensinar que todo judeu é como um Templo em miniatura. Todo judeu deve ter sempre um amor ardente por D’us em seu coração, assim como o fogo que arde o tempo todo sobre o altar.
No Talmud, nossos rabinos nos ensinam mais detalhes sobre essa mitsvá: o fogo sobre o altar devia ser mantido aceso mesmo no Shabat e mesmo quando estamos impuros. Da mesma maneira, nós judeus devemos sempre sentir um profundo amor por D’us, não importa se estamos num nível de Shabat ou num nível de impureza.
O que quer dizer “um nível de Shabat”?
No Shabat, desejamos uns aos outros Shabat Shalom. A palavra hebraica shalom vem do radical da palavra inteiro e completo (shaleim). Sentimo-nos completos no Shabat. Relaxamos e não nos preocupamos com o trabalho da semana, agindo como se estivéssemos completos.
No Shabat também nos é dada uma alma extra que nos ajuda a rezar melhor, aprender melhor e entender melhor a santidade de D’us. Porém, um judeu no nível de Shabat deveria apenas prestar atenção ao seu estudo e entendimento, e deveria ignorar seus sentimentos. Portanto, D’us o lembra da “chama eterna… até no Shabat.” O amor ardente por D’us em nosso coração jamais deve relaxar.
Então nossos Sábios acrescentam: “mesmo quando impuro”. Mesmo que um judeu esteja impuro, ele deve cavar profundamente dentro de seu coração e fazer aflorar o amor a D’us que está sempre ali.
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Por Malka Touger
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Sobre Piolhos e Homens



No Egito inteiro, o pó se transformou em piolhos. Mas quando os mágicos tentaram produzir piolhos por meio de suas artes secretas, não conseguiram. Os piolhos atacaram tanto os homens quanto os animais. Os mágicos disseram ao faraó: “este é o dedo de D'us.” Mas o coração do faraó era duro, e ele não deu ouvidos.1
Pouca atenção tem sido prestada ao uso do humor na Torá. Sua forma mais importante é o uso da sátira para zombar das pretensões dos seres humanos que pensam que podem imitar D'us. Uma coisa faz D'us rir – a visão da humanidade tentando desafiar o céu.
Os reis da terra defendem seus pontos de vista, e os governantes se reúnem contra o Eterno e Seu ungido.
“Vamos quebrar nossas correntes,” dizem eles, “e tirar os seus grilhões.” Aquele sentado no céu ri, D'us zomba deles.2
Há um maravilhoso exemplo na história da Torre de Babel. O povo no planalto de Shinar decide construir uma cidade com uma torre que “chegará aos céus”. Este é um ato de desafio contra a divinamente dada ordem da natureza (“Os céus são os céus de D'us, a terra Ele deu aos filhos dos homens.”) A Torá então diz: “Mas D'us desceu para ver a cidade e a torre…” Aqui na terra, os construtores pensaram que sua torre chegaria ao céu. Sob o ponto de vista do céu, porém, era tão minúscula que D'us teve de “descer” para vê-la.
A sátira é essencial para entender pelo menos algumas das pragas. Os egípcios adoravam uma multiplicidade de deuses, a maioria representando forças da natureza. Pelas suas “artes secretas” os mágicos acreditavam que podiam controlar essas forças. Magia é o equivalente na era do mito à tecnologia na era da ciência. Uma civilização que acredita poder manipular os deuses, da mesma forma acredita que pode exercer coerção sobre os seres humanos. Numa cultura assim, o conceito de liberdade é desconhecido.
As pragas não eram meramente para punir o faraó e seu povo por terem tratado mal os israelitas, mas também para mostrar a eles a impotência dos deuses nos quais acreditavam.3 Isso explica a primeira e a última das nove pragas antes da matança dos primogênitos. A primeira envolvia o Nilo. A nona foi a praga da escuridão. O Nilo era adorado como fonte de fertilidade numa região que sem ele seria deserta. O sol era visto como o maior dos deuses, Rá, de quem o faraó era considerado filho. A escuridão significava o eclipse do sol, mostrando que até o maior dos deuses egípcios não podia fazer nada em face do verdadeiro D'us.
O que está em jogo aqui é a diferença entre mito – no qual os deuses são meros poderes a serem domados, favorecidos ou manipulados – e o monoteísmo bíblico no qual ética (justiça, compaixão, dignidade humana) constituem o ponto de encontro entre D'us e a humanidade.
Esta é a chave das duas primeiras pragas, que se referem ao início da perseguição egípcia aos israelitas: a matança de bebês do sexo masculino ao nascerem, primeiro pelas parteiras (embora, graças ao senso moral de Puá e Shifrá, tenha parado), depois atirando-os ao Nilo para morrerem afogados. É por isto que na primeira praga as águas do rio se transformam em sangue.
O significado da segunda, sapos, teria sido imediatamente óbvia para os egípcios. Heqt, a deusa dos sapos, representava a parteira que ajudava mulheres no parto. Ambas as pragas eram mensagens codificadas que significavam: “Se você usa o rio e parteiras – ambos normalmente associados com vida – para provocar a morte, aquelas mesmas forças se voltarão contra você.” Uma mensagem muito significativa está tomando forma: a realidade tem uma estrutura ética. Se for usada para o mal, os poderes da natureza se voltarão contra o homem, para que aquilo que ele faz seja feito a ele em troca. Há justiça na história.
A reação dos egípcios a essas primeiras duas pragas é vê-los dentro da própria ideia de referência. Pragas, para eles, são formas de magia, não milagres. Para os “mágicos” do faraó, Moshê e Aharon são pessoas como eles mesmos, que praticavam “artes secretas”. Portanto eles replicaram: eles mostram que também podem transformar água em sangue, e criar uma horda de sapos. A ironia aqui está muito perto da superfície. Os mágicos egípcios queriam tanto provar que podiam fazer aquilo que Moshê e Aharon tinham feito, que fallharam completamente em perceber que longe de tornar as coisas melhores para os egípcios, eles as estavam tornando piores: mais sangue, mais sapos.
Isso nos leva à terceira praga: piolhos. Um dos objetivos dessa praga é produzir um efeito que os mágicos não conseguem replicar. Eles tentam. Falham. Imediatamente, concluem, “Este é o dedo de D'us.”
Esta é a primeira aparição na Torá de uma ideia, persistente no pensamento religioso até mesmo hoje, chamada “o deus das lacunas”. Isso afirma que um milagre é algo para o qual ainda não podemos encontrar uma explicação científica. A ciência é natural; a religião é sobrenatural. Um “ato de D'us” é algo que não podemos classificar racionalmente. Aquilo que mágicos (ou tecnocratas) não podem reproduzir deve ser o resultado de intervenção divina. Isso leva inevitavelmente à conclusão de que religião e ciência são opostas. Quanto mais podemos explicar cientificamente ou controlar tecnologicamente, menos necessidade temos de fé. À medida que o âmbito da ciência se expande, o lugar de D'us progressivamente diminui até o ponto de desaparecer.
O que a Torá está dizendo é que este é um tipo de pensamento pagão, não judaico. Os egípcios admitiam que Moshê e Aharon eram genuínos profetas quando realizaram maravilhas além do alcance de sua própria mágica. Mas não é por isso que acreditamos em Moshê e Aharon. Sobre isso, Maimônides é inequívoco:
Israel não acreditou em nosso mestre Moshê por causa dos sinais que ele realizou. Quando a fé é baseada em sinais, uma dúvida sinistra sempre permanece, de que aqueles sinais podem ter sido realizados com a ajuda de artes ocultas e feitiçaria. Todos os sinais que Moshê realizou no deserto, ele o fez porque eram necessários, não para autenticar seu status como profeta.4
Quando precisamos de comida, ele fez cair o maná. Quando o povo estava sedento, ele bateu na rocha. Quando os apoiadores de Korach negaram sua autoridade, a terra os engoliu. Assim também com todos os outros sinais. Quais, então, são as bases para acreditar nele? A revelação no Sinai, na qual vimos com os próprios olhos e ouvimos com nossos ouvidos.
A maneira básica pela qual encontramos D'us não é através de milagres, mas pela Sua palavra – a revelação, Torá – que é a constituição do povo judeu como nação sob a soberania de D'us. Com certeza, D'us está nos eventos que, aparentemente para desafiar a natureza, chamamos de milagres. Mas Ele também está na própria natureza. A ciência não desaloja D'us, mas O revela, de maneiras ainda mais intrincadas e maravilhosas, o projeto da própria natureza.
Longe de diminuir nosso senso religioso, a ciência (corretamente entendida) deve aumentá-lo, nos ensinando a ver “como são grandes as Tuas obras, ó D'us: Tu as fizeste todas com sabedoria.” Acima de tudo, D'us é encontrado na voz do Sinai, nos ensinando como construir uma sociedade que será o oposto do Egito; na qual os poucos não escravizam os muitos, nem os estrangeiros são maltratados.
O melhor argumento contra o mundo do antigo Egito foi o humor divino. Os sacerdotes e mágicos dos cultos que pensavam poder controlar o sol e o Nilo descobriram que não podiam produzir sequer um piolho. Faraós como Ramsés II demonstraram seu status semelhante ao divino criando arquitetura monumental: grandes templos, palácios e pirâmides cuja imensidão parecia ofuscar a divina grandeza (o Talmud explica que a magia egípcia não podia funcionar com coisas muito pequenas). D'us zomba deles revelando Sua presença na menor das criaturas (T. S. Elliot: “Eu te mostrarei medo num punhado de pó”).
O que os mágicos egípcios (e seus sucessores) não entenderam é que o poder sobre a natureza não é um fim em si mesmo, mas apenas os meios para fins éticos. Os piolhos foram a piada de D'us às custas dos mágicos, que acreditavam que como controlavam as forças da natureza, eram os mestres do destino humano. Estavam errados. A fé não é meramente a crença no sobrenatural. É a capacidade de ouvir o chamado do Autor do Ser, de ser livre de tal maneira a ponto de respeitar a liberdade e a dignidade dos outros.
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NOTAS
1. Shemot 8:13-15
2. Salmos 2:2-4
3. “Eu realizarei atos de julgamento contra todos os deuses do Egito; Eu sou D'us.” (Shemot 12:12)
4. Hilchot Yesodei ha-Torá 8:1.



Por Rabino Jonathan Sacks
Lord Rabino Jonathan Sacks é Rabino Chefe da Grã-Bretanha e da Comunidade Britânica, além de famoso escritor e palestrante sobre Chassidismo. É fundador e diretor do Meaningful Life Center (Centro para uma Vida Significativa).

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