SHEMA ISRAEL

Sinagoga Morumbi

Yeshiva Boys Choir -- Kol Hamispalel

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Lutando com um Estranho na Escuridão

Por Rabino Yitzchak Ginsburgh, traduzido por Maurício Klajnberg Existe uma batalha contínua em nossas almas entre as forças do bem e as forças do mal. Quando triunfamos sobre o mal, beneficiamos não somente nós, mas também o mal, cuja missão Divina é ser derrotado pelo bem. Nesta meditação, o Rabino Ginsburgh nos guia através do simbolismo da batalha de Yaacov com o arcanjo de Esav. Quando entendermos o significado oculto dessa batalha dentro de nossas almas, poderemos purificar a nós mesmos e tudo ao nosso redor e manifestar a luz Divina de D’us em nossa realidade. O Estranho na Noite À medida que Yaacov se aproximava da Terra de Israel com suas esposas e filhos, ele se preparava para o encontro com seu alienado irmão, Esav. Sozinho, às margens do rio Yabok no meio da noite, Yaacov foi atacado por um misterioso ser, com quem lutou até o alvorecer. Nossos sábios explicam que esse ser é a raiz espiritual – o arcanjo – de seu irmão, Esav. Missão Cumprida À medida que o amanhecer avançava, Yaacov derrotava o arcanjo de Esav. O controle de Yaacov sobre ele era tão completo que o arcanjo teve que implorar a Yaacov a deixá-lo ir. Nossos sábios explicam que o anjo de Esav queria correr para louvar D’us ao alvorecer. Todo anjo tem um dia em que louva D’us. Interessantemente, o dia de sua derrota nas mãos de Yaacov era o dia em que o arcanjo de Esav louvaria D’us. Esse era o dia em que ele cumpriu sua missão Divina – trazer Yaacov a um estado no qual ele deveria focalizar toda sua coragem e energia para derrotar Esav. Toda pessoa está em um constante estado de guerra com o anjo de nosso inimigo físico e espiritual, Esav. O propósito desse anjo, que simboliza o mal dentro de nós e à nossa volta, é nos motivar a vencer aquele mal e triunfar em bondade. Quando o anjo completou sua missão com Yaacov, atingiu o estado no qual poderia, agora, louvar seu Criador por lhe ter dado o prêmio pelo cumprimento de sua missão. Em nossas vidas, cumprimos muitas missões Divinas. Cada mitsvá (“mandamento”) que praticamos é o cumprimento de uma missão. Quando concluimos nossa missão com sucesso, ficamos em um estado espiritual no qual estamos prontos e capazes de louvar D’us pelo prêmio por atingirmos nosso objetivo. Os Três Significados de Avak A mais significativa e potente palavra na descrição do encontro de Yaacov com o anjo é “vaye’avek” (Gênesis 32:24) que significa “e ele lutou”. A raiz dessa palavra é alef, beit, kuf. Essa raiz pode ser entendida de três maneiras. Poeira O primeiro significado da raiz alef, beit, kuf, é avak, que significa “poeira”. Nossos sábios explicam que quando Yaacov e o anjo lutaram, a poeira levantada percorreu todo o caminho até o trono Divino de D’us. Simbolicamente, essa luta representa a boa inclinação da alma (representada por Yaacov) guerreando com a má inclinação da alma (representada por Esav). Abraço Rashi explica que, foneticamente, o alef e o chet são intercambiáveis. Assim, podemos ler essa raiz como chet, beit, kuf – chavak – que significa “abraço”. Abraço pode ter conotação positiva, como no Cântico dos Cânticos, mas pode também ser o abraço do combate, no qual os combatentes se abraçam com o propósito de derrubarem um ao outro ao solo. Tocha O terceiro significado da raiz alef, beit, kuf é encontrado no Hebraico Rabínico como avuká, que significa “tocha” ou “fogo”. Essa imagem corresponde à noite quando necessitamos de uma tocha para iluminar a escuridão. Mundos, Almas, Divindade O Ba’al Shem Tov explica que em todo elemento da realidade existem três dimensões: a dimensão externa de “mundos” -- que é a realidade criada, a dimensão oculta das almas – que são as almas judias dentro dos mundos, e a terceira dimensão da pura Divindade – que D’us é Um e D’us é tudo dentro da criação. Somos criados tanto com uma boa quanto com uma má inclinação em relação ao aperfeiçoamento das duas primeiras dimensões da realidade e para manifestar a terceira. Os três significados da raiz alef, beit, kuf correspondem às três dimensões da realidade como se segue: A Poeira dos Mundos De acordo com o Ba’al Shem Tov, a energia do aperfeiçoamento da dimensão externa da realidade – mundos - é através do processo psicológico da elevação, no qual trabalhamos para levar nossa realidade a um nível maior. A palavra para “mundo”, olam, significa “reconhecimento”. Todo o processo pelo qual trabalhamos para revelar e elevar a dimensão mundana da realidade é sua purificação. Toda a realidade criada é simbolicamente referida como “poeira”. Quando o sol brilha através de uma janela, vemos partículas de poeira suspensas no raio de luz. A meditação sobre aquela poeira é a meditação sobre os mundos face a face com o Criador. Na triunfante batalha de Yaacov com o arcanjo de Esav, ele se esforçou para elevar e purificar o mundo, jogando para cima a poeira que ascendeu por todo o caminho até o trono Divino. O Abraço das Almas Almas não precisam de purificação, mas, na verdade, abraçam. Elas anseiam por se tornarem uma. O segredo da luta entre Yaacov e o arcanjo de Esav é o segredo de seu abraço. Apesar de eles serem inimigos, a origem desse abraço está na origem de suas almas que se unem em um abraço e são purificadas. A Tocha Divina D’us é simbolizado pelo fogo em vários trechos da Torá. O terceiro nível, a tocha, é pura Divindade. A tocha ilumina a noite, que simboliza o mundo. Divindade não precisa de purificação. De fato, nós devemos revelar a Divindade através da realidade, como uma tocha na noite. À medida que a luz da tocha brilha mais fortemente, a escuridão da noite desaparece e nós experimentamos a pura, brilhante e potente luz de D’us no mundo. Em sua batalha com o anjo de Esav, Yaacov supera sua natureza não-militante. Ele luta e derrota o arcanjo de seu irmão, revelando a tocha de luz Divina. O segredo da luta que Yaacov travou com o arcanjo de Esav é o segredo da elevação dos mundos, o abraço das almas e, finalmente, a revelação da tocha Divina com a luz de D’us na realidade. Por Rabino Yitzchak Ginsburgh, traduzido por Maurício Klajnberg Rabino Yitzchak Ginsburg é fundador e diretor do Instituto Gal Einai: Instituto de Estudo Interdisciplinário Avançado de Torá, Arte e Ciências. Renomado explicador de Cabalá e Chassidut, Rabino Ginsburg escreveu mais de quarenta livros esclarecendo tópicos de Torá como psicologia, medicina, política, matemática e relacionamentos. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

domingo, 25 de novembro de 2012

A vida após a morte é fundamental na crença judaica. A criação do homem atesta a vida eterna da alma.

Vida Após a Vida
A Torá diz: "E o Todo Poderoso formou o homem do pó da terra e soprou em suas narinas a alma da vida". Neste versículo, o Zôhar declara que "aquele que sopra, sopra de dentro de si mesmo," indicando que a alma é na verdade parte da essência de D'us. Como Sua essência é completamente espiritual, e não-física, é impossível que a alma possa morrer. Esta é a idéia que o Rei Salomão queria transmitir quando escreveu: "O pó retornará ao solo como antes, e o espírito retornará a D'us que o concedeu." (Cohêlet 12:17). Na morte, a alma e o corpo, que formavam uma entidade, se separam. O corpo é enterrado e volta à matéria perdendo toda sua conexão com a Vitalidade. Já a alma é eterna, e se transfere deste mundo para o próximo, um mundo totalmente espiritual. Essa transferência se dá por etapas: enquanto o corpo passa por um processo lento de decomposição essencial para a separação gradual entre corpo e alma, a alma judaica passa por vários estágios se desligando gradualmente deste mundo: primeiro a morte, depois o enterro, 3 dias após a morte, uma semana após a morte, 30 dias após a morte, 3 meses após a morte, 11 meses após a morte, e finalmente um ano após a morte. Obviamente existe um lugar onde as pessoas boas recebem uma recompensa e os maus são punidos. (veja Maimônides, 13 Princípios da Fé). A alma precisa passar por uma série de purificações para poder entrar no Gan Éden (conhecido como paraíso). Muitos chamam esta fase de inferno ou purgatório, mas o judaísmo acredita que o inferno não é uma punição, mas um sofrimento espiritual, um processo de refinamento pelo qual a alma precisa passar para se purificar dos pecados cometidos e elevar-se nos diferentes reinos espirituais. Só então a alma vai para o Gan Éden, onde estuda os segredos mais profundos da Torá e é envolvida pela presença Divina. Para qualquer pessoa que acredita em um D'us justo e amoroso, a existência de uma sobrevida faz sentido lógico. É possível que este mundo seja apenas um parque de diversões sem maiores conseqüências? Há uma conexão direta, e o "filme da vida", não tem pré-estréia nem "bis", roda uma vez e pronto! Sem mesa de edição. Os bons atos de sabedoria que a alma ganhou em sua missão aqui em baixo servem como uma proteção, uma roupa espacial para sua jornada nos altos. Qualquer um deseja para si uma que lhe sirva a contento, realmente confortável e útil ao empreender esta viagem. Quando a pessoa morre e vai para o céu, o julgamento não é arbitrário e imposto externamente. Ao contrário, a alma assiste à dois filmes: o primeiro é chamado "Esta é a sua vida!" Cada decisão e cada pensamento, todas as boas ações, e todas as coisas constrangedoras que a pessoa fez em particular são passados sem nenhum embelezamento. É a verdade nua e crua para todos assistirem. Eis porque o próximo mundo é chamado Olam HaEmet – "O Mundo da Verdade," porque lá reconhecemos claramente nossa força pessoal e nossas falhas, e o verdadeiro propósito da vida. Para resumir, o inferno não é o diabo atiçando as chamas com um tridente. O segundo filme mostra como a vida da pessoa "poderia ter sido…" se as escolhas certas tivessem sido feitas, se as oportunidades tivessem sido aproveitadas, se o potencial fosse utilizado. Este vídeo – a dor do potencial desperdiçado – é muito mais difícil de suportar. Mas ao mesmo tempo, também purifica a alma. O sofrimento provoca o arrependimento, que remove as barreiras e possibilita à alma conectar-se completamente com D'us. Quando a alma deixa o corpo, continua a ter outras experiências. Uma parte disso talvez seja receber as recompensas pela sua obra neste mundo: apreciar a Divindade, ver os frutos de seu trabalho nesta vida, passear pelo "paraíso", acompanhar o crescimento de seus filhos e passos de seus amigs e familiares, sentar e respirar o ar rodeado de um infinito azul longe das "tempestades" … mas qualquer que seja o cenário nas Alturas, o corpo voltará à vida após todos os fatos previstos que ocorrerão na era de Mashiach, quando então virá a Ressurreição dos Mortos. Mas enquanto isto ainda não ocorre, há uma vantagem para a existência sem um corpo, também. O corpo está muito ligado a assuntos deste mundo e pode limitar nossa avaliação das coisas espirituais. A alma, por si só, é mais sensível à Divindade. O céu é onde a alma vive os maiores prazeres possíveis – o sentimento de proximidade a D'us. É claro que nem todas as almas a experimentam no mesmo grau. É como ir a um concerto sinfônico. Alguns ingressos são para as cadeiras centrais na frente, outros ficam atrás, nas arquibancadas. A localização de seu assento está diretamente conectada ao mérito de suas boas ações – como por exemplo fazer caridade ou cuidar e amar ao próximo, ou rezar com intenção e sinceridade, entre tantas outras. Outro fator que deve ser considerado no céu é que uma pessoa pode ter ótimos assentos, mas pode não saber apreciar o que está acontecendo. Se a pessoa passa toda a vida elevando a alma e tornando-se sensível às realidades espirituais (através do estudo de Torá), então isso constituirá um prazer inimaginável no céu. Por outro lado, se a vida se resumiu a pizza e futebol, bem, isso pode ser bem entediante para a eternidade. Quando uma pessoa é capaz de amar e estender-se até outro ser humano, então esta pessoa experimentou o céu nesta terra. A existência de uma vida após a vida não é declarada explicitamente na própria Torá, porque como seres humanos temos de nos concentrar em nossa missão neste mundo, agir sem pensar na recompensa, embora a consciência dela possa se constituir em uma motivação eficaz. Chegamos à conclusão que na verdade não há nada após a vida, porque a vida nunca termina. É como um ciclo constante, onde a alma desprende-se do corpo e enquanto este decompõem-se lentamente neste processo, ela eleva-se gradualmente às alturas até ficar cada vez mais próxima de sua verdadeira fonte. Talvez sua jornada tenha acabado, talvez mais uma vez mais ela será convocada a descer e habitar um novo corpo, e assim sucessivamente sob o comando do Criador do Universo e de todas as almas, `Aquele que esteve, está e sempre estará no comando: D’us. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. 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sábado, 24 de novembro de 2012

Show de Modechai no dia 26-11-12

A Batalha das Pedras Os Gritadores

A yeshivá decidiu formar um time de remadores. Infelizmente, eles perdiam todas as competições. Praticavam durante horas diariamente, mas jamais conseguiram chegar numa posição melhor que a última. O Rosh Yeshivá (Diretor) finalmente decidiu enviar Yankel para espionar a equipe de Harvard. Yankel então se esgueirou até Cambridge e escondeu- se nas moitas do Rio Charles, de onde assistiu cuidadosamente a equipe de Harvard treinando. Yankel voltou à yeshivá e anunciou: “Entendi qual é o segredo deles!” “Qual? Diga-nos,” todos quiseram saber. “Devemos ter oito caras remando e só um gritando!” A Briga Os rabinos no Talmud se concentram numa aparente inconsistência gramatical na porção de Vayetsê. Quando Yaacov viaja de Beer Sheva a Haran, parando no caminho para descansar durante a noite, a Torá nos conta: “Ele pegou as pedras do local, arrumou-as em volta da cabeça e deitou-se para descansar.” Porém ao acordar pela manhã, lemos uma história um pouco diferente: “Yaacov acordou cedo pela manhã, pegou a pedra que tinha colocado ao redor da cabeça e arrumou-a como um pilar.” Primeiro lemos sobre “pedras”, no plural; depois lemos “pedra” no singular. O que ocorreu, afinal? Yaacov usou uma única pedra ou várias delas? Uma adorável tradição talmúdica, repleta de simbolismo, responde assim à pergunta: Yaacov na verdade pegou várias pedras. As pedras começaram a brigar, cada qual dizendo: “Sobre mim este justo descansa a cabeça.” Portanto D'us combinou-as todas numa só pedra, e a briga cessou. Então, quando Yaacov acordou, lemos: “Ele tomou a pedra” no singular, pois todas as pedras tinham se tornado uma. Qual o simbolismo por trás dessa imagem? Qual o significado das pedras brigando entre si e depois atingindo um estado de paz juntando-se em uma só? Mais uma pergunta: Como a fusão de diversas pedras numa só entidade satisfaz sua reclamação “Sobre mim este justo descansa a cabeça?” Mesmo depois que as pedras se juntaram numa única pedra grande, a cabeça de Yaacov ainda descansa sobre uma parte da pedra (Seu colchão é feito de uma peça, porém sua cabeça repousa apenas num pedaço específico de seu colchão). Então por que as outras partes da pedra (o “colchão” de Yaacov) ainda lamentam que a cabeça de Yaacov não estava sobre elas? Somos Um O Rebe forneceu a seguinte explicação: Quando você se sente um com seu próximo, não se preocupa se a cabeça do justo repousa sobre ele. Quando as pedras são separadas umas das outras, a pergunta se torna: “Quem recebe a cabeça?” “Por que você recebe a cabeça, e eu não?” Mas quando elas se tornam uma, não se importam com quem recebe a cabeça, porque se sentem como uma só. O episódio das pedras, então, reflete uma profunda verdade espiritual sobre os relacionamentos humanos. Muitos conflitos – em famílias, comunidades, sinagogas, organizações e movimentos – brotam do temor de todos de que outro termine com a “cabeça”, e você será “jogado para fora”. Porém podemos ver uns aos outros em duas maneiras distintas: como “pedras diversas” e como “uma única pedra”. Ambas são perspectivas válidas, interpretações justas da realidade. A primeira é superficial; a segunda exige reflexão e sensibilidade mais profundas. Superficialmente, somos na verdade separados. Você é você: eu sou eu. Somos estranhos. Eu quero a cabeça, você quer a cabeça. Então brigamos. Num nível mais profundo, porém, somos um. O universo, a humanidade, o povo judeu – constituem um só organismo. Nesse nível, somos realmente parte de uma essência. Então, não me importo se você recebe a cabeça, porque você e eu somos um só. É difícil para muitas pessoas criarem espaço para outra, e deixá-las brilhar. Temos medo de que elas “consigam a cabeça” e terminemos com a perna. Alguns passam anos assegurando que ninguém exceto eles consigam a cabeça. O que é necessário é uma ampliacão da consciência, uma purificação da percepção, um olhar sobre o inter-relacionamento místico de todos nós. Então eu não apenas permitirei, mas celebrarei, seu surgimento em total esplendor. O seu sucesso não atrapalhará o meu, porque somos um. “Pedras” diferentes podem precisar ter posições diferentes, porém aqui não há espaço para abuso, manipulação, punhalada nas costas, grosseria e exploração, porque somos um. Yaacov, o Patriarca de todo Israel, quem encerrava dentro de si as almas de todos os seus filhos, inspirou essa unidade dentro das “pedras” ao seu redor. Inicialmente, as pedras agiam num nível superficial de consciência, brigando para saber quem estaria debaixo da cabeça de Yaacov. Porém Yaacov inspirou nelas uma consciência mais profunda, permitindo que naquela noite elas se vissem como uma única pedra, mesmo quando estavam em posições diferentes. Em nossa noite das noites, precisamos de Yaacov, que sabe como inspirar as pedras ao redor com esse estado de conscientização. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

A Terra Tremeu Por Simon Jacobson

Um estremecimento humano é mencionado três vezes na Torá (e várias outras vezes no Tanach). O primeiro – na porção desta semana da Torá: Yitschac teve um grande, grande tremor quando Essav aproximou-se dele para receber a bênção que Yaacov já tinha “roubado” (Bereshit 27:33). As tribos estremeceram quando descobriram o dinheiro colocado em suas sacolas (Bereshit 42:28). “O que é isso que D'us está fazendo para nós?” eles perguntaram com o coração pesado quando perceberam que estavam sendo considerados responsáveis pelo sangue de seu irmão Yossef a quem tinham vendido como escravo. No Sinai – as pessoas no campo estremeceram (Shemot 19:16). Na verdade, a montanha inteira estremeceu violentamente (19:18). Os sábios na verdade conectam esses três tremores. Segundo Rabi Judah (Zohar I 144 b), a angústia de Yaacov pela perda de Yossef foi um castigo por fazer seu pai Yitschac estremecer. O Midrash (Ohr Há’afeilah em manuscrito) diz que devido ao tremor de Yitschac seus filhos estremeceram no Sinai. Qual é a conexão entre esses três eventos? Todo tremor reflete um sério distúrbio. Quando ficamos conscientes de que as coisas não estão certas, estremecemos. Nosso universo em geral, e cada pessoa individualmente, são contraditórios por natureza – formados por matéria e espírito, corpo e alma – duas forças impulsionadas em direções opostas. A batalha entre matéria e espírito cria grave turbulência, que está na base de toda a solidão e desespero existenciais – motivo mais do que suficiente para estremecer. No entanto, essa dissonância nem sempre é aparente. A história de Esav e Yaacov reflete o conflito da própria vida, resultando da tensão entre matéria e espírito. Os irmãos gêmeos Yaacov e Esav incorporam duas personalidades e duas nações que são contrárias uma a outra desde o momento da concepção (no útero de Rivca): “Duas nações estão em seu útero. Dois governos se separarão de suas entranhas. A mão mais alta irá de uma nação para outra.” Essav e Yaacov representam duas forças em cada uma de nossas vidas e no mundo em geral: Essav, o “exímio caçador, um homem do campo”, simboliza o corpo, o mundo material, cujos elementos grosseiros precisam ser conquistados. Yaacov, o “homem íntegro, que habita as tendas”, incorpora a alma, o mundo espiritual. A princípio esses dois mundos não coexistem. Matéria e espírito estão em guerra um contra o outro: “Quando um levanta o outro cai.” Em termos místicos o conflito entre Yaacov e Essav representa o processo chamado Avodat habirurim: tudo em nossa existência material contém “centelhas” Divinas, i.e., energia espiritual, e somos encarregados da missão de liberar, redimir e elevar essas centelhas, e assim refinar o universo material e transformá-lo no seu verdadeiro propósito: um veículo para a expressão espiritual. Originalmente, Essav era para ser o parceiro de Yaacov no esforço para redimir as “centelhas” Divinas. O guerreiro Essav deveria domar os elementos crassos do materialismo e moldá-los em veículos do sublime. Porém, o Essav material primeiro precisa do Yaacov espiritual para ter direção e foco. Para receber as bênçãos materiais que Yitschac tinha designado a Essav, Yaacov se veste com as roupas de Essav, para redimir a poderosa energia dentro da matéria (para elaboração mais aprofundada, veja: Yaacov e Essav: Duas Nações, Os Gêmeos, O Poder do Esforço Humano). Depois que Yaacov se camuflou como Essav para receber as bênçãos de Yitschac, Esav retorna da caçada no campo e se apresenta perante seu pai Yitschac. Quando Essav entra na presença do pai, este sente a profunda dissonância entre matéria e espírito, entre Essav e Yaacov. E ele estremece violentamente: algo está errado, terrivelmente errado. O que exatamente fez Yitschac ser tomado por um tremor tão violento? Uma opinião é que Yitschac estremeceu quando viu que Essav não era quem Yitschac pensava que ele fosse: Yitschac “viu o Gehinom [inferno] aberto por baixo dele” (Rashi – de Tanchuma Bracha 1, Zohar ibid.). Uma segunda opinião é que Yaacov também foi a causa desse tremor. Portanto, embora D'us concordasse que Yaacov deveria receber as bênçãos, mas como ele causou tanto sofrimento ao pai (i.e., ele o informou sobre a profunda discórdia), mais tarde ele seria afetado com a perda de Yossef. Yossef ser vendido pelos irmãos foi outra manifestação da discórdia entre corpo e espírito. E, finalmente, o tremor de Yitschac fez o povo judeu estremecer quando esteve no Sinai. O Salmista escreve: “Do Céu Tu fizeste a sentença ser ouvida, a terra temeu e ficou imóvel” (Salmos 76:9). Explica o Talmus (Shabat 88 a), que até o Sinai “a terra temia” porque a existência material do universo era tênue sem sua conexão com o propósito espiritual. Quando essa conexão foi estabelecida no Sinai, a terra ficou “imóvel”. Portanto foi apropriado que estando de pé perante o Sinai “o povo no acampamento – bem como na montanha – estremecesse.” [Talvez a montanha “estremecesse violentamente” porque as pessoas afinal eram todas filhas de Yaacov, e assim não estavam distantes de seu chamado espiritual. Em contraste, a montanha era grande parte da “terra” material que estava com medo.] Porém, mesmo depois da imobilidade afetada pelo Sinai, a batalha irrompe, mas agora estamos armados com as ferramentas formais para ligar a matéria de Essav com o espírito de Yaacov. Yitschac tremeu violentamente pelo desalinhamento do universo. Tremeu por toda experiência sofrida que ocorreria no decorrer dos tempos. Ele estremeceu quando viu as terríveis consequências das batalhas entre Essav e Yaacov – as guerras que seriam travadas entre essas duas potências globais, duas forças na história – Roma e Jerusalém. Ele estremeceu ao perceber quão difícil, quão doloroso o conflito seria através da história entre as forças da matéria e as forças do espírito. Seu tremor continuou a reverberar através dos tempos. Porém o tremor de um tsadic não é mero medo. Absorve parte do choque e do sofrimento – tornando mais fácil para nós abrir nosso caminho por meio dos desafios. E assim fizemos. Através de todas as dificuldades, perseguições e expulsões, estamos hoje no limiar de um mundo novo: um mundo que finalmente ficará “imóvel” – em paz consigo mesmo, com seus vizinhos, e acima de tudo – com seu propósito Divino. Alguns tremores têm esse poder. Por Simon Jacobson Rabino Simon Jacobson é autor do campeão de vendas Rumo a Uma Vida Significativa: A Sabedoria do Rebe (William Morrow, 1995), e fundador e diretor do Meaningful Life Center. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. 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Respeito à Natureza Cada folha foi criada pelo Todo Poderoso com um propósito específico e está imbuída com uma força de vida Divina.

Rabi Aryeh Levin (o “tsadic de Jerusalém", 1885-1969), relatou como ele certa vez estava caminhando pelo campo com seu mentor, Rav Avraham Yitschak Kook. No decorrer de uma discussão de Torá, Rabi Levin apanhou uma flor. Vendo isso, Rav Kook disse: “Toda a minha vida tenho sido cuidadoso para não arrancar uma folha de grama ou uma flor sem necessidade, quando ela tinha a capacidade de crescer ou florescer. Você conhece o ensinamento de nossos Sábios, de que nem uma só folha de grama cresce aqui na terra sem que haja um anjo acima dela, ordenando-lhe que cresça. Todo broto e folha diz algo importante, toda pedra sussurra alguma mensagem oculta no silêncio – toda criação entoa sua canção.” “Essas palavras de nosso grande mestre,” concluiu Rabi Levin, “vindas de um coração puro e sagrado, ficaram profundamente gravadas em meu coração. Desde aquele dia, comecei a ter uma forte sensação de compaixão por todas as coisas.” Uma história similar é relatada sobre o Rebe Rayatz e seu pai, o Rebe Rashab: … Caminhando, entramos na floresta. Concentrado naquilo que eu tinha ouvido, empolgado pela gentileza e seriedade das palavras de meu pai, distraidamente arranquei uma folha de uma árvore próxima. Segurando-a em minhas mãos, continuei minha caminhada silenciosa, ocasionalmente rasgando pequenos pedaços da folha e atirando-os ao vento. “O Santo Ari,” disse meu pai, “diz que não apenas toda folha da árvore é uma criação investida com vida Divina, criada com um propósito específico dentro da intenção de D'us na criação, mas também que dentro de toda e cada folha há a centelha de uma alma que desceu à terra para encontrar correção e plenitude. “O Talmud”, continuou meu pai, “decreta que ‘um homem é sempre responsável pelas suas ações, esteja acordado ou dormindo.’ A diferença entre a vigília e o sono está nas faculdades interiores do homem, seu intelecto e emoções. As faculdades externas funcionam igualmente bem durante o sono, apenas as interiores estão confusas. Portanto, os sonhos nos apresentam verdades contraditórias. Um homem acordado vê o mundo real, um homem adormecido não. Esse é o significado profundo da vigília e do sono: quando alguém está acordado vê a Divindade; quando está adormecido, não vê. “Apesar disso, nossos Sábios afirmam que o homem é sempre responsável pelas suas ações, esteja desperto ou adormecido. Somente nesse momento falamos sobre a Divina Providência e, sem pensar, você arrancou uma folha, brincou com ela em suas mãos, torcendo-a, apertando-a e rasgando-a em pedaços, e atirou-a em todas as direções. “Como pode alguém ser tão rude com uma criação de D'us? Esta folha foi criada pelo Todo Poderoso com um propósito específico e está imbuída com uma força de vida Divina. Tem um corpo e tem uma vida. De que maneira o “Eu” dessa folha é inferior ao seu “Eu”? O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

Avraham Era Judeu? Sobre a Identidade dos Hebreus Pré-sinai Por Yehuda Shurpin

A Nação Escolhida Começou com Avraham? Avraham é largamente conhecido como o primeiro judeu1 – inclusive em alguns artigos de nosso site.2 Mas Avraham (e todos os ancestrais) viveram muito antes do Êxodo do Egito e da Outorga da Torá no Monte Sinai – os dois eventos que definiram a história judaica. Pode ele, então, ser realmente considerado um judeu? Em outras palavras, havia judeus antes de haver um “povo judeu”? Quando começou a nação judaica? E o que significa ser judeu?3 Para responder a essas perguntas, comecemos revisando a história da vida de Avraham como está registrada na Escritura, Midrash e comentários. Quem foi Avraham? Ele nasceu no ano 1948 da Criação (1813 AEC4), durante o reinado do poderoso Nimrod, que comandava quase toda a civilização.5 O pai de Avraham Terach, era um dos nobres de Nimrod. Avraham cresceu numa sociedade onde todos, incluindo o próprio Avraham, adoravam ídolos.6 Quando tinha apenas três anos7, Avraham começou a questionar-se incessantemente sobre a natureza do mundo, suas origens e que poder estava por trás de tudo.8 Continuou sua busca durante a juventude, gradualmente distanciando-se das práticas idólatras de sua geração enquanto começava a formular um monoteísmo puro.9 Aos 2510 anos casou-se com sua sobrinha11 Yiska (também conhecida como Sarai, e mais tarde, Sarah). Nessa época Nimrod começou a construir a Torre de Babel. A construção da torre foi um empreendimento gigantesco, no qual participou a maior parte da humanidade, e durou muitos anos. O Midrash explica que no seu ponto mais alto, a torre era tão alta que demorava um ano para chegar até o topo. Naquele ponto, um tijolo era mais precioso aos olhos dos construtores que um ser humano; se um homem caísse e encontrasse a morte, ninguém dava atenção, mas se caísse um tijolo, eles choravam, porque demoraria um ano para recolocá-lo.12 Avraham, que segundo dizem alguns, participou da construção da torre em seu estágios iniciais,13 foi veemente contra o projeto. Ele sempre admoestava aqueles envolvidos.14 Eis aqui como o Midrash nos relata a próxima parte da história: quando Avraham tinha 48 anos, no ano 1996 (1765 AEC), D'us contemplou a grande torre que estava sendo construída, e voltando-se para os setenta anjos que cercavam Seu trono (obviamente, em termos metafóricos). Ele disse: “Eles são um povo, e todos têm um idioma… vamos descer, e ali confundir a linguagem deles, para que se tornem setenta nações com setenta idiomas.”15 O Midrash então relata como D'us e os setenta anjos tiraram a sorte para ver qual anjo seria encarregado de qual linguagem e nação. Quando a sorte para D'us caiu em Avraham, Ele proclamou: “Tirei as porções em locais agradáveis; até a sorte Me favorece.”16 Este é o primeiro exemplo na vida de Avraham em que ele é descrito como sendo “escolhido” por D'us (e segundo algumas opiniões foi neste ano que o pacto entre D'us e Avraham ocorreu).17 Mais tarde,18 lemos sobre o retorno de Avraham para a casa de seu pai, como ele destruiu os ídolos do pai, e foi preso por heresia. Apegando-se firmemente à sua fé mesmo ao enfrentar a morte, ele é jogado numa fornalha ardente, mas D'us faz um milagre e ele sobrevive. Até este ponto tudo está registrado em fontes talmúdicas e midráshicas. Somente agora finalmente encontramos Avraham em Lech Lecha, quando D'us lhe ordena: “Sai da tua terra e do teu local de nascimento e da casa de teu pai, para a terra que Eu te mostrarei.”19 Após muitas dificuldades e tribulacões que estão relatadas na Bíblia, D'us faz um pacto com Avraham e proclama: “Para tua semente Eu dei esta terra, do rio do Egito até o grande rio, o Eufrates…”20 Quando Avraham tem 99 anos, D'us lhe ordena fazer a circuncisão em si próprio e seus descendentes, dizendo: “E manterás Meu pacto, tu e tua semente no decorrer das gerações. Este é o Meu pacto, que cumprirás entre Eu e tu, e entre tua semente depois de ti, que todo homem entre vós será circuncidado. E deverás circuncisar a carne de teu prepúcio, e será como o sinal de um pacto entre Eu e ti…21” De todo o acima, vemos claramente que: a – Avraham foi escolhido por D'us. b – D'us fez um pacto entre Si próprio e Avraham. Além disso, segundo nossos Sábios, os antepassados não apenas aprenderam a Torá, mas guardaram seus mandamentos embora ainda não tivessem sido “dados”.22 Isso parece estar implicado no versículo: “Porque Avraham ouviu Minha voz, e cumpriu Minha ordem, Meus mandamentos, Meus estatutos, e Minhas instruções.23” Para voltar à questão original, tudo isso parece mostrar a clara e inequívoca resposta que, de fato, Avraham foi escolhido por D'us, assim como toda a nação judaica foi escolhida no Monte Sinai, fazendo dele o primeiro judeu. Mas esta conclusão é prematura. No Sinai os judeus foram escolhidos por D'us, mas eles também assumiram a obrigação de cumprir os 613 mandamentos da Torá. Os não-judeus são obrigados a cumprir apenas as sete Leis Noahidas. Se Avraham era de fato judeu, ele precisaria fazer mais que cumprir todos os mandamentos da Torá. Ele teria de ser obrigado a cumpri-los. E parece que não era este o caso. Obrigação Voltando aos detalhes, há opiniões diferentes sobre o status de Avraham sobre o cumprimento da mitsvá:24 Alguns explicam que, como poderia parecer lógico, que embora Avraham inicialmente tivesse o status haláchico de um não-judeu Noahida, depois que ele entrou no pacto com D'us e recebeu o mandamento da circuncisão, ele foi considerado um judeu pleno.25 No entanto, a maioria discorda. Embora seja verdade que nossos antepassados não somente aprenderam a Torá, mas cumpriram suas leis embora não tivessem sido dadas, eles jamais foram ordenados a fazê-lo. Seu cumprimento desses mandamentos foi um sinal pessoal e voluntário de sua devoção a D'us. Eles não foram obrigados na maneira que seus descendentes seriam após o Sinai.26 Da mesma forma, quando nos referimos a Avraham como o primeiro judeu ou convertido,27 isso não significa que ele era realmente judeu no sentido que conhecemos hoje – no sentido de uma obrigação. Em vez disso, ele tinha o status técnico de um Noahida, assim como qualquer outra pessoa da época (embora fosse alguém que tinha recebido mandamentos adicionais únicos como a circuncisão, à qual de fato foi obrigado28)29 Não foi senão até que seus descendentes fossem ao Monte Sinai e D'us proclamasse: “Vós sereis para Mim um tesouro entre todos os povos e sereis para Mim um reino de príncipes e uma nação sagrada,30” que nos tornamos o povo judeu. Há uma aplicação prática na distinção entre cumprimento voluntário e obrigatório dos mandamentos da Torá: Como dissemos, um Noahida é obrigado a cumprir as Sete Leis Noahidas, mas não as 613 leis da Torá. Se houvesse algum conflito entre manter as futuras Leis da Torá e as Leis Noahidas, a obrigação de manter as Leis Noahidas iria superar as Leis da Torá que eles não eram obrigados a cumprir. Mas tudo isso agora nos deixa com uma forte dúvida: O que há de tão especial sobre o pacto no Sinai que somente então nos tornamos o povo judeu, algo negado até mesmo a Avraham? O próprio Avraham não foi escolhido por D'us? Ele próprio não aprendeu a Torá, guardou seus mandamentos, e fez um pacto com D'us? Então qual é a diferença? Sobre Escolhas Para ir direto ao ponto, temos de fazer outra pergunta fundamental – não sobre Judaísmo, mas sobre escolha. O que é escolher? E o que escolha significa? Desde escolher que roupa vestir pela manhã até decidir o que teremos para o jantar, estamos constantemente engajados em fazer opções. A maioria dessas escolhas é feita após pesarmos os fatores e qualidades associados àquilo que está sendo escolhido. Escolhemos nossa roupa baseados na imagem que queremos projetar, nossa auto-identidade, ou talvez pelas exigências do emprego. Escolhemos nosso jantar com base na saúde ou no sabor. Nenhuma dessas escolhas realmente é aquilo que chamamos de opção livre. Na verdade, seria mais acurado chamá-la de escolha compulsória, pois em última análise, o motivo pelo qual você escolheu é porque há alguma coisa naquilo que fez você querer ou precisar daquilo. É apenas quando temos à frente dois objetos aparentemente idênticos, e mesmo assim escolhemos um em detrimento do outro, que podemos dizer que realmente escolhemos. Agora voltemos a Avraham Já aos três anos de idade Avraham começou a longa busca pelo único D'us verdadeiro.31 Depois que ele O reconheceu, devotou o resto de sua vida a espalhar a verdade num mundo totalmente pagão. A tarefa solitária de Avraham o chamava a usar todas as suas energias, indo além do ponto do auto-sacrifício. Apesar disso, ele nunca fugiu a isso, e sempre perseverou. Sob essa luz, não admira que D'us prometa a Avraham que “… Eu estabelecerei Meu pacto entre Eu e você, e entre sua semente depois de você no decorrer das suas gerações como um pacto eterno, para ser um D'us para você e sua semente depois de você…”32 Não foi senão até a Outorga da Torá no Monte Sinai que D'us realmente escolheu a nação judaica. Ele os escolheu não por causa de qualidades superiores que eles tivessem. Pelo contrário, A Outorga da Torá no Monte Sinai celebra D'us escolhendo os judeus para serem “um reino de príncipes e uma nação sagrada,”33 apesar de sua aparente semelhança com as outras nações do mundo. Em outras palavras, antes do Sinai, D'us escolhendo Avraham e seus descendentes foi baseado naquilo que pode ser chamado de “uma escolha arrazoada”. No Monte Sinai foi uma escolha “real”, supra-racional.3435 Vínculo Inquebrantável A Mishná declara: “Qualquer amor que depende uma uma consideração especifica – quando aquela consideração desaparece, o amor cessa; se não depender de uma consideração específica – nunca cessará.”36 Não fomos escolhidos para nos tornarmos “uma luz entre as nações” devido a quaisquer qualidades únicas. Pelo contrário, o Judaísmo é baseado na escolha de D'us por nós apesar de nossa não-singularidade. Mas é exatamente este tipo de escolha que torna nossa missão única neste mundo a mais humilde e inspiradora. NOTAS 1. Veja Talmud Chagiga 3a onde ele é chamado de o primeiro convertido. 2. Faça uma busca em nosso site: Avraham. 3. Obviamente quando usamos a palavra “judeu”, é no sentido mais amplo usado hoje, mas tecnicamente o termo “judeu” não aparece senão mais tarde na era bíblica. 4. O ano secular é calculado com base no ano atual de 5772-5773 sendo o equivalente a 2012-2013. 5. Pirkei d’Rabi Eliazar 11. 6. Veja Maimônides, Leis da Idolatria 1:3 7. Talmud Nedarim 32 a 8. Maimônides ibid. 9. Veja comentários sobre Maimônides inid, sobre os diferentes estágios deste desenvolvimento filosófico. 10. Tana D'usVei Eliyahu Rabah 18; Yalkut Shemoni 78. Há opiniões diferentes sobre qual ano certos eventos ocorreram na vida de Avraham. Para simplificar, e devido ao fato de que não afeta este artigo, escolhemos seguir o tempo como é dado no Seder Hadorot. 11. Talmud Sanhedrin 69 b. 12. Pirkei de Rabi Eliezar ibid. 13. Veja Rabi Avraham ibn Ezra sobre Gênesis 11:1 14. Pirkei D'usRabi Eliazar ibid. 15. Gênesis 11:6-7 16. Salmos 16:6 17. Midrash Tanchuma citado em Seder Hadorot 18. Segundo o Seder Hadorot Avraham tinha cinquenta anos na época. 19. Gênesis 12:1 20. Gênesis 15:18 21. Gênesis 17:9-11 22. Talmud Yoma 28 b, Midrash genesis Rabah 95:3 23. Gênesis 26:5 24. Para uma discussão mais aprofundada sobre o status haláchico de nossos ancestrais veja Prishat Derachim, Derech Hasarim 1, e Beit Haotzar, seção 1. 25. Rabi Moshê ben Nachman - Nachmânides Levíticus 24:10 26. Veja Likutei Sichot vol. 5 pág. 145 27. Veja Talmud Chagiga 3a 28. Veja Rabi Elchanan Waserman, Kovetz Shiurim sobre Talmud Bava Batra ois 54, onde ele explica que a respeito desses mandamentos únicos, Avraham e seus descendentes tinham o status haláchicos de judeus. 29. Veja Rabi Shlomo Yitschaki (Rashi) sobre Talmud Sanhedrin 59a-b, 82 a; Tosfot Bava Batra 58 a 141 a; os “sábios franceses” citados por Rabi Moshê ben Nachman, Levítico 24:10; veja também Likutei Sichot ibid. 30. Exodus 19:5-6 31. Talmud Nedarim 32 a. 32. Gênesis 17:7 33. Exodus 19:6 34. Palestra do Rebe no 2º dia de Shavuot, 5739 (1979) impressa em Sichot Kodesh 5739 vol. 3 35. Embora seja mencionada como uma escolha “supra-racional”, isso não significa que houve alguma questão de uma alternativa sendo escolhida. Para mais sobre isso veja Sobre a Essência da Escolha. 36. Ética dos Pais 5:16 Por Yehuda Shurpin Rabino Yehuda Shurpin responde perguntas no serviço do Chabad.org "Pergunte ao Rabino" O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Sharon e o Rebe Mais que um bom exemplo

Ariel Sharon foi um dos generais de maior sucesso que o exército Israelense já conheceu. Sua lista de conquistas militares é impressionante e somente a menção do seu nome já trazia medo aos corações de milhões de inimigos que circundavam Israel. Em 1968, depois de uma ação fulminante na Guerra dos Seis Dias, ele foi escolhido pela Federação Judaica para representar Israel nos Estados Unidos onde ele passou a ter uma amizade próxima com um Chassid Chabad conhecido, Rabino Yitshak Ganzberg. O Rabino Ganzberg o visitava várias vezes e, numa delas, sugeriu uma audiência particular com o Rebe de Lubavitch, de abençoada memória. Sharon concordou com o encontro e comentou depois, “Pensei que seria um encontro cordial com um Rabino idoso isolado do mundo. Imaginei que duraria no máximo 5 minutos. Afinal de contas, o que tínhamos em comum? Mas tive uma grande surpresa. “O Rebe começou falando sobre a segurança de Israel. No começo eu estava cético, mas quando ouvi com atenção, percebi que ele conhecia bem o assunto, mesmo questões secretas. Foi como se estivesse falando com um colega. Por exemplo o Rebe estava zangado que oito de nossos soldados tivessem morrido quando tomamos a cidade de Kalkilia (perto de Kfar Saba) na Guerra dos Seis Dias. “Quando lhe expliquei que havia sido necessário cruzar um certo vale para atacar a cidade e que o inimigo havia nos surpreendido com uma emboscada, ele replicou, ‘É isso o que eu quero dizer, por que você tinha que cruzar o vale? Você podia pegar a cidade por outra direção!’ “Então ele desenhou com o dedo uma linha exata do perímetro da cidade e por onde o ataque deveria ter ocorrido, como se mapas militares estivessem na sua frente. E sabe qual é a verdade...? O Rebe estava certo! Não somente sobre Kalkilia mas sobre tudo o que falou! Não posso expressar o quanto fiquei impressionado. O que eu menos podia esperar era um gênio militar!!” Sharon falou que num certo momento ele olhou o relógio e viu que mais de 30 minutos já haviam se passado – como se fossem dois minutos. “Por que o senhor está olhando o relógio?” perguntou o Rebe. “Tenho um avião para pegar de volta a Israel, e temo perdê-lo” falou o general. “Terá um outro avião” falou o Rebe. “Fique comigo mais um pouco e pegue outro avião para casa.” Sharon era um militar! Não era de sua natureza se atrasar ou mudar de planos. Mas agora ele estava hipnotizado. Ele estava tão impressionado com a sabedoria aparentemente infalível do Rebe que simplesmente não conseguia se mexer, e ficou assim por mais de duas horas! Pouco antes da aurora ele saiu do escritório do Rebe, que falou com os Chassidim por um longo tempo, remarcou seu vôo, e viajou para Israel no dia seguinte. Alguns dias depois ele descobriu que havia acontecido um milagre: O voo que ele deveria ter viajado havia sido sequestrado. Poucas horas depois da decolagem, quatro dos passageiros se levantaram com armas e mandaram todos levantarem as mãos. Mandaram o piloto voar para a Algéria onde separaram os homens judeus de todos os outros e conduziram uma busca completa por uma ‘personalidade importante’. Eram terroristas árabes que queriam sequestrar Sharon. Eles haviam planejado bem, mas não tinham contado com a habilidade do Rebe de Lubavitch em segurar uma grande audiência. Não encontraram Sharon no voo e todos os prisioneiros acabaram voltando salvos para Israel. [A propósito, quando posteriormente Sharon informou ao Rebe sua decisão de entrar na política, o Rebe respondeu que na sua opinião seu lugar era no exército israelense, pois lá Hashem o tinha colocado e o abençoaria com sucesso. “Não há sentido certamente para o senhor entrar na política, incluindo posições como Ministro da Defesa ou algo parecido. Esse não é o seu trabalho e não usará seus talentos e expertise, pelo contrário!”] É isso o que a Torá está tentando nos dizer com “Avraham era ancião”, entrado em anos, na parashá Chayê Sarah. Geralmente o efeito que temos nos outros é somente de ser um bom exemplo. Quando trabalhamos para nos aperfeiçoar, colocamos boas ‘vibrações’ que podem afetar o mundo inteiro. Assim como na nossa história. O próprio fato do Rebe ter alcançado essa perfeição pessoal foi suficiente para fazer o General Sharon mudar seus planos. É verdade, também devemos “entrar nos anos”, e ir para as ruas – se necessário, para atrair e chamar judeus de volta ao judaísmo. Mas não podemos subestimar a impressão que podemos causar nas pessoas “incidentalmente”, sem saber. Assim como o Rebe algumas vezes enfatizou que a simples visão de um judeu vestindo tsitsit ou colocando tefilin pode causar um efeito positivo e mudar a vida de outro judeu. ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto Comentário1 Comentário O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

Rabi Shalom Dovber Schneersohn - O "Rebe Rashab" 20 de cheshvan, 5621 (1860) - 2 de Nissan, 5680 (1920)

Introdução
Um ano antes do nascimento de Rabi Shalom DovBer, conhecido como o Rebe Rashab, sua mãe, a Rebetsin Rivca, teve um sonho, que se repetiu, onde viu o primeiro e o segundo Rebe abençoando-a com um filho e pedindo que um Sêfer Torá fosse escrito antes de seu nascimento. O Rebe Rashab (1860-1920), foi o quinto Rebe de Chabad-Lubavitch. Era o filho do meio do Rebe Maharash. Assumiu a liderança aos 22 anos, depois do falecimento de seu pai, em 13 de Tishrei, 5643 (1882). Nos dez anos que seguiram o falecimento do pai, o Rebe Rashab não aceitou oficialmente o manto de liderança. Apesar de ter proferido maamarim (profundos discursos chassídicos), nem sempre aceitava pessoas para yechidut (audiência particular) e não rezava no lugar de seu pai. Em Rosh Hashaná de 5654 (1893), ocupou o lugar de seu pai pela primeira vez. Acredita-se que assim o fez por respeito ao seu irmão mais velho, Reb Zalman Aharon. Antes de Rosh Hashaná daquele ano, Reb Zalman Aharon mudou-se para outra cidade. Próximo » ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto ComentárioComentário Conheça mais obras da artista Esther Touson clicando aqui O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.

Alma gêmea Ferramentas para encontrar a sua Por Simon Jacobson Pergunta:

Umas das coisas que me espantam é o assunto de encontrar a alma gêmea procurando não apenas pela compatibilidade física, intelectual e emocional, mas mais importante, a compatibilidade espiritual. O que eu gostaria de perguntar, e creio que pessoas interessadas em encontrar o amor eterno também, é: o senhor poderia esboçar alguns critérios que pudesse ajudar alguém a encontrar sua verdadeira alma gêmea? Resposta: Respondendo ao seu relevante pedido, delinearei várias perguntas que a pessoa poderia fazer-se quando em busca de uma alma gêmea transcendente: 1 - Minha alma gêmea em potencial pode e me ajudará a chegar a um local melhor que aquele que eu conseguiria por mim mesmo? 2 - Ele ou ela me desafia, ou apenas me agrada e traz-me conforto e companheirismo? 3 - É um parceiro que ajuda-me a cristalizar e tornar real minha visão da vida, ou apenas concorda comigo? É um verdadeiro parceiro em meus sonhos, não apenas uma companhia? 4 - Meu parceiro alimenta e nutre minha alma? Sinto magia com esta pessoa? Podemos nós criar magia de modo consistente? 5 - Sinto-me comprometido de qualquer maneira neste relacionamento? 6 - Estou atingindo todo meu potencial neste relacionamento? 7 - Respeito e admiro os sonhos e visões de meu parceiro? 8 - Meu parceiro apenas apoia meus esforços, ou está comprometido tanto quanto eu ao elemento transcendente? 9 - Sinto que meu relacionamento será regular, ou estou entusiasmado sobre o potencial e significância de nosso relacionamento? 10 - Meu relacionamento ajudará outras pessoas a crescer, ou é apenas um relacionamento confortável entre meu parceiro e eu? 11 - Amo o amor de meu parceiro por mim ou na verdade amo a própria pessoa? 12 - Há uma quantidade saudável de ansiedade no relacionamento, impulsionando-o de modo consistente para um nível mais elevado, ou está estagnado e complacente, talvez de forma confortável, mas mesmo assim um platô? 13 - Uma crise no relacionamento é aplacada e pacificada, onde um parceiro agrade o outro, ou é enfrentada por dois parceiros em pé de igualdade? Desnecessário dizer, há muitas outras questões que devem ser respondidas quando estiver procurando sua alma gêmea. Enfatizei aqui alguns dos requisitos necessários para conquistar um relacionamento transcendente. É sempre melhor ter um amigo em que se confie, ou um mentor que possa ajudá-lo objetivamente a avaliar seu relacionamento de forma específica. Sei também que as exigências que relacionei podem ser excelentes, mas estas são as aspirações que eu estaria procurando em um relacionamento transcendente dinâmico. Devemos sempre almejar o mais elevado. Obviamente, estes critérios também dependem do fato que a pessoa está verdadeiramente comprometida com este nível de significância e transcendente na vida de alguém. E finalmente, devemos sempre lembrar que a chave para um relacionamento verdadeiramente transcendente é dar as boas vindas ao terceiro parceiro, D'us. Nossos esforços criam um recipiente que canaliza a bênção de D'us em nossa vida, o que nos ajuda a descobrir e manter o relacionamento definitivo. ImprimirEnvie esta página a um amigoCompartilhe isto Comentário1 Comentário Por Simon Jacobson Rabino Simon Jacobson é autor do campeão de vendas Rumo a Uma Vida Significativa: A Sabedoria do Rebe (William Morrow, 1995), e fundador e diretor do Meaningful Life Center. O conteúdo desta página possui copyright do autor, editor e/ou Chabad.org, e é produzido por Chabad.org. Se você gostou deste artigo, autorizamos sua divulgação, desde que você concorde com nossa política de copyright.